Com o avanço da idade, o corpo da mulher passa por transformações que envolvem muito mais do que o fim do ciclo menstrual. Alterações no metabolismo, na composição corporal, no sono, no humor e até na saúde íntima são comuns em diferentes fases da vida. Esses sinais podem ter múltiplas causas, e a alimentação é uma delas.
- Inflamação silenciosa e alimentação
Um dos processos que mais se relaciona com a forma como nos alimentamos é a inflamação crônica de baixo grau. Trata-se de um estado inflamatório discreto, contínuo, sem sintomas clássicos como febre ou dor, mas que impacta diretamente o funcionamento do organismo. Essa inflamação pode interferir na resposta imunológica, na produção hormonal, no equilíbrio intestinal e no metabolismo como um todo.
Publicações da North American Menopause Society e da Endocrine Society já apontam essa relação como um dos fatores que influenciam o envelhecimento saudável da mulher.
- Menopausa e vulnerabilidade inflamatória
Na menopausa, esse processo se torna ainda mais relevante. A queda dos níveis de estrogênio reduz um fator de proteção natural do corpo contra processos inflamatórios. Isso pode favorecer o acúmulo de gordura abdominal, o aumento da resistência à insulina, a perda de massa muscular e alterações no sono, no humor e na saúde sexual.
Além disso, o equilíbrio da microbiota intestinal e vaginal também pode ser afetado, interferindo diretamente na saúde íntima, na imunidade e na resposta ao estresse. Artigos publicados em periódicos como o Journal of Gerontology e o Climacteric Journal abordam esses impactos de forma recorrente em mulheres na transição hormonal.
- Alimentação como parte do cuidado integral
Não se trata de seguir dietas prontas ou transformar a alimentação em um fardo. O que se propõe é um olhar mais atento: perceber como o corpo reage, buscar escuta qualificada e integrar o que se come à forma como se vive.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) destaca esse ponto em suas diretrizes, ressaltando o papel do estilo de vida no envelhecimento ativo e saudável.
A alimentação influencia processos inflamatórios, mas também pode fazer parte da prevenção, da recuperação e da manutenção da saúde como um todo. E isso vale em todas as fases da vida, mas especialmente na maturidade, quando o corpo começa a falar de outras formas.
- Uma construção diária
Cuidar da alimentação não significa seguir regras rígidas. Significa observar o corpo, buscar apoio profissional quando necessário e compreender que o que comemos afeta não apenas o físico, mas também a saúde emocional e íntima.
Para mulheres na menopausa ou em transição hormonal, esse olhar é ainda mais necessário. Alimentar-se com consciência é uma parte importante do autocuidado e da construção de uma longevidade com mais qualidade de vida.