O cérebro também passa pela menopausa
Muito se fala das ondas de calor, da pele, dos ossos…
Mas o cérebro também é um dos órgãos mais impactados pela queda dos hormônios femininos, especialmente do estrogênio. E não estamos falando apenas de sintomas: exames modernos de imagem cerebral (como a tomografia por emissão de pósitrons — PET scan) mostram que há, sim, uma reorganização da atividade cerebral nessa fase da vida.
Em estudos conduzidos pela Dra. Lisa Mosconi, da Weill Cornell Medicine (EUA), foi possível observar que áreas do cérebro diretamente relacionadas à memória, regulação emocional, sono e clareza mental têm redução temporária de energia metabólica durante e após a transição da menopausa.
Por que essas mudanças acontecem?
O estrogênio não atua apenas no sistema reprodutivo, ele tem papel crucial no cérebro feminino. Ele influencia:
- A produção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e acetilcolina
- A circulação cerebral
- A proteção dos neurônios
- A resposta ao estresse
Durante a perimenopausa (fase de transição), a flutuação e queda desses hormônios afetam essas áreas, podendo gerar:
- Dificuldade de concentração
- Alterações de humor
- Insônia
- Esquecimentos
- Sensação de “mente nublada”
Essas mudanças podem parecer assustadoras — mas para a maioria das mulheres, são temporárias. Em estudos de acompanhamento, após 1 a 2 anos da menopausa, houve recuperação da função cerebral em diversas regiões.
E quando se preocupar?
É importante diferenciar o que é esperado das alterações que merecem investigação clínica.
Se os esquecimentos estão afetando sua rotina, sua autonomia ou suas relações, procure orientação médica.
Também vale atenção se há:
- Queda abrupta de desempenho cognitivo
- Dificuldade para realizar tarefas simples
- Mudanças importantes de comportamento ou humor
O que pode ajudar?
Diversos estudos mostram que o estilo de vida tem papel fundamental na saúde cerebral durante o climatério:
- Sono de qualidade: dormir bem ajuda o cérebro a processar memórias e regular o humor.
- Atividade física: o exercício aumenta a circulação no cérebro e estimula a liberação de neurotransmissores.
- Alimentação equilibrada: especialmente rica em antioxidantes, ômega-3 e compostos anti-inflamatórios.
- Conexões sociais e cognitivas: conversar, ler, aprender coisas novas… tudo isso nutre o cérebro.
Em alguns casos, a terapia hormonal pode ser indicada, sempre com avaliação médica criteriosa.
Há ainda opções não hormonais (fitoterápicos, nutracêuticos, psicoterapia) que podem ser associadas conforme o caso.
O mais importante?
Saber que essas mudanças não são “fraqueza”, “exagero” ou “idade”.
São parte de uma fase natural, que merece atenção, informação e acolhimento.
Se você está passando por isso — ou conhece alguém que esteja — saiba que é possível viver essa etapa com saúde, consciência e equilíbrio.
Fontes:
– Weill Cornell Medicine / Lisa Mosconi
– Women’s Health Initiative (WHI)
– Harvard Medical School– The North American Menopause Society